As diferenças entre a Física e a
Metafísica e as consequências desta distinção no pensamento ocidental
A discriminação entre Física e Metafísica,
ciência particular e ciência primeira, produz consequências importantes para o
pensamento ocidental, para a Filosofia e para as Ciências, contrária à ideia
platônica de uma ciência universal, Aristóteles propõe uma pluralidade de
ciências.
Para Aristóteles, a Física se ocupa dos entes
em movimento que possuem neles mesmos o princípio de seu movimento. A physis de
cada ente natural (físico) é precisamente o seu princípio interno de movimento
e repouso. A physis, de acordo com o explanado neste módulo, seria o que
atualmente chamamos "natureza”, é a totalidade dos entes automóveis.
Para o pensador de Estagira, a Física tem como
sua ocupação o movimento, pois o ente natural tem como princípio interno se
colocar em movimento já que ele é automóvel, o que inclui também a mutação e a
corrupção; e esse movimento gera mudança. Um ente ao se mover de um ponto a
outro percorre um determinado espaço, acontece aí uma mudança. Portanto, para
que uma potência se realize em ato há a necessidade de movimento, e ao se mover
o ente está em atualidade. Esse movimento acontece porque há um ente para
realizá-lo, são os entes que possuem a potência para essa atualização.
O ente que está em um ponto e percorre um
espaço para alcançar outro ponto provoca uma mudança de situação; ele estava em
um ponto anterior e se mudou para um ponto posterior. Para realizar esse
percurso ele utilizou um determinado tempo, e é esse tempo que vai medir o
movimento, o que implica em que há uma ligação entre movimento e tempo, com
isso, o autor chega ao primeiro elemento que caracteriza, no seu entender, uma
ciência - a busca por princípios.
Aristóteles aponta que não é possível afirmar
que os princípios são simultaneamente uno e múltiplos. Ou o princípio é uno, ou
é múltiplo, ou é finito, ou é infinito, ou determinado, ou múltiplo contrário.
Esse é um início de crítica aos antigos pensadores que, para Aristóteles, não
tinham coerência em suas proposições, pois diziam o mesmo e o contrário sobre
os princípios. Que eles buscavam os princípios ficava claro, contudo eles os
buscavam em todos os sentidos e Aristóteles se propõe a criticá-los com essa
base de pensamento.
No segundo livro da Física, o autor afirma que
os animais, as plantas e os corpos simples são naturais, tendo em vista que é a
natureza que os causa. Ser causado por natureza é, entrar em movimento e em
repouso por si mesmo e não por acidente. Nesse caso, ser natural é possuir um
princípio desse gênero e ser uma substância.
Já na obra "Metafísica” que, desde o
título, traz inúmeros questionamentos, Aristóteles criando o significado
"que está depois da física”.
A metafísica passa a significar um conhecimento
do que está além da física, torna-se o nome da ciência do suprassensível,
estabelecendo como causa de todas as coisas algo de natureza material se
mostrou insuficiente. Pois, a matéria não é "sujeito” de suas próprias
mudanças.
Com isso, dá-se a entender que, para
Aristóteles, à investigação das causas, há um movimento sempre crescente, do
sensível ao suprassensível e o conhecimento do suprassensível é sempre superior
ao sensível.
Portando, as consequências oriundas desta
distinção no âmbito do pensamento ocidental, seria dizer que, a metafísica, como
ciência do suprassensível é o conhecimento puramente inteligível do que está
para além da física. A física é concebida, assim, como o lugar da experiência
sensível, caracterizado pelo aparecimento ou existência efetiva dos entes;
situando-se "além da física”, a metafísica corresponde ao que, antecedendo
a toda existência, funda a sua possibilidade de ser: a metafísica corresponde
ao suprassensível da essência ou substância.
Desse modo, a metafísica é o conhecimento
que pressupõe o fundamento como princípio primeiro: uma causa não causada que é
causa de tudo. O avanço de Aristóteles no De Anima consiste em mostrar que a
alma é princípio de movimento, mas que não pode ser algo em movimento.
A alma como forma é a causa ativa que mantém a
unidade ordenada do composto, face ao poder destrutivo do devir. A concepção de
Aristóteles é uma concepção vitalista e animista da alma que oferece a força
vital e anima o ser vivo. O princípio da animação é a primeira atualidade de um
corpo orgânico vivo. Para o ser vivo, ser é viver.
Então, a física trata do que em si mesmo tem
princípio de movimento, e, De Anima os seres vivos, o princípio de movimento é
a alma.
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